GovTech: como startups estão modernizando serviços públicos
O setor público, historicamente visto como lento e burocrático, está passando por uma revolução silenciosa impulsionada pelas GovTechs — startups que desenvolvem soluções específicas para governos. Essas empresas vêm transformando processos, reduzindo custos e, principalmente, melhorando a experiência do cidadão ao lidar com serviços essenciais. Em vez de apenas digitalizar papéis, as GovTechs repensam jornadas inteiras, utilizando inteligência artificial, big data, internet das coisas e plataformas digitais para tornar a gestão pública mais ágil, transparente e eficiente.
No mundo, já existem referências sólidas. A Estônia é um exemplo clássico: mais de 99% dos serviços públicos podem ser acessados online, graças a uma infraestrutura de dados segura e interoperável chamada X-Road. Isso permite que diferentes órgãos “conversem” entre si, eliminando redundâncias e agilizando tudo, desde a abertura de empresas até consultas médicas. No Reino Unido, o Government Digital Service (GDS) centralizou milhares de sites governamentais em uma única plataforma, o GOV.UK, garantindo padronização e facilidade de uso para os cidadãos. Nos Estados Unidos, cidades como Nova Iorque utilizam dados e sensores para redesenhar o trânsito e reduzir acidentes, no que chamam de programa Vision Zero.
No Brasil, os avanços também são visíveis. O portal gov.br, por exemplo, unificou centenas de serviços, permitindo que o cidadão acesse documentos como CNH e carteira de trabalho de forma totalmente digital. O Pix, apesar de não ser exclusivo para o governo, revolucionou pagamentos e transferências, permitindo, por exemplo, que prefeituras recebam tributos instantaneamente. Em alguns municípios, a saúde já passa por uma transformação digital, com prontuários eletrônicos integrados, agendamento online e telemedicina para reduzir filas e deslocamentos desnecessários.
Esses exemplos mostram que, quando bem implementadas, as soluções GovTech reduzem custos, aumentam a transparência e melhoram a qualidade de vida da população. E é justamente nesse ponto que cidades médias, como Jundiaí, têm um grande potencial de avanço. Com uma população expressiva, mas ainda com escala gerenciável, é possível implementar projetos-piloto de alto impacto e depois expandi-los. Imagine, por exemplo, um sistema municipal de saúde com regulação inteligente, capaz de priorizar atendimentos conforme urgência e histórico clínico, integrado a lembretes automáticos para reduzir o absenteísmo. Ou ainda um aplicativo único para todos os serviços da cidade, com login simplificado, atendimento por assistente virtual de verdade e notificações personalizadas para cada morador.
Jundiaí já avançou em diversas frentes tecnológicas, mas o caminho da inovação é contínuo. O próximo passo pode estar na integração de dados entre áreas distintas — saúde, educação, assistência social e mobilidade — para gerar análises preditivas e apoiar decisões estratégicas. Esse tipo de abordagem permite que políticas públicas sejam mais precisas, evitando desperdícios e aumentando o impacto das ações.
Nesse cenário, a ATIJ (Associação de Tecnologia e Inovação de Jundiaí), da qual sou vice-presidente, pode exercer um papel fundamental. Como ICT (Instituição Científica e Tecnológica), a ATIJ tem capacidade de atuar como ponte entre governo, empresas e universidades, fomentando parcerias para testes de novas soluções, atraindo GovTechs para desenvolver pilotos no município e garantindo que essas inovações sigam padrões técnicos e regulatórios adequados. Além disso, a associação pode ajudar a criar programas de incentivo para que startups locais atendam demandas específicas da gestão pública, fortalecendo o ecossistema de inovação e garantindo que os investimentos em tecnologia gerem resultados concretos para a população.
Com estratégias claras, métricas de desempenho e um ecossistema unido, Jundiaí pode consolidar-se como referência nacional em governo digital, inspirando outras cidades e mostrando que a modernização do setor público é possível quando se conecta visão estratégica, tecnologia e colaboração.
