Entrar

Jornalismo não é pra Zé Mané

Jornalismo não é pra Zé Mané

Nos últimos tempos surgiram inúmeros perfis e páginas dedicadas ao “jornalismo”. Assim se apresentam seus autores, ou, como se apresentam, diretores. Olhando com um pouco mais de atenção essas páginas perfis, dá para notar falhas gravíssimas – quase todas não têm um responsável, e todas, sem exceção, não possuem CNPJ. Ou seja, coisa clandestina, coisa picareta.
No ano que antecede as eleições, esses picaretas se multiplicam como coelhos. Logo mais estarão procurando possíveis candidatos para oferecer espaço, mostrando estatísticas forjadas, a troco de dinheiro. Sem recibo. Um desses picaretas afirmou, tempos atrás, que sua página tinha 4 milhões de visualizações diárias. Melhor que o Google. Há quem acredite.
A infestação de picaretas coloca a credibilidade do jornalismo em dúvida. Acreditar em quem? Na página séria, estabelecida, com CNPJ e diretor responsável, ou no Zé Mané metido a jornalista?
O governo pensa em regular as redes sociais. Não é preciso. Basta exigir do dono da página ou do perfil seu CNPJ, seu endereço e seu responsável. Se fizer isso, a maioria desses analfabetos desaparece. Dizemos analfabetos pois justificam tais pechas. Publicam “notícias” sem nexo, com erros grosseiros da língua portuguesas e informações no mínimo duvidosas.
Daqui em diante vai ser um inferno. Sempre que houver uma coletiva de imprensa esses manés vão aparecer. E vão atrapalhar o trabalho dos profissionais de fato. Uns por pura ignorância, outros por encomendas ditadas por seus patrocinadores. E contando mentiras mais cabeludas com o passar do tempo.
Inferno também porque nessas coletivas aparecem os puxa-sacos com seus celulares para fazer fotos e filmes. Não têm a mínima ética, o mínimo respeito. Quando o então candidato ao governo estadual Márcio França esteve em Jundiaí, havia dois jornalistas e um fotógrafo de fato. Que não conseguiram trabalhar, tamanha a horda de lambe-botas que invadiu a sala onde o candidato estava.
A liberdade de expressão é sagrada. Todos têm direito de manifestar opiniões. Mas com um mínimo de seriedade. Sem se travestir de jornalista. Sem páginas e perfis enganosos. Basta escrever o que pensa e assumir responsabilidade do que é publicado.
Por isso, é bom desconfiar da procedência da informação. Se vier de um picareta, melhor esquecer. Existe muita gente séria no meio, mas, infelizmente, esses inimigos da gramática e do bom senso são demais.

Anselmo Brombal

Anselmo Brombal

Anselmo Brombal é jornalista há mais de 50 anos atuando em grandes veículos. Atualmente é editor chefe do Jornal da Cidade que faz parte do Grupo Novo Dia

Todos Artigos

Posts Relacionados