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quinta-feira, 16 maio, 2024

Imprensa e cidadania responsáveis

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O noticiário político brasileiro é um estímulo à indignação, ao desânimo ou, na melhor das hipóteses, ao desinteresse pela vida pública, pois quase todo o noticiário, assim como os editoriais e os artigos transmitem a imagem de um ambiente em que todos são corruptos e se valem de seus mandatos eletivos ou dos cargos que ocupam na Administração Pública para obter vantagens pessoais, para favorecer pessoas e entidades beneficiárias da corrupção ou para expandir o ódio aos adversários mais bem sucedidos ou, ainda, para aliviar os efeitos de grandes decepções resultantes de derrotas mal absorvidas.
Esse quadro intensamente negativo é apresentado como se fosse a expressão de tudo o que acontece no Brasil e que tem alguma importância. E um aspecto agravante dessa persistência na divulgação de imagens negativas é o fato de que entre os que são apresentados como praticantes e beneficiários da corrupção, os que degradam a vida pública brasileira, estão muitos que ostentam formalmente a condição de representantes do povo.
Em vista desse quadro, são necessárias e urgentes duas mudanças de atitude. Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que os grandes órgãos de divulgação estão pondo de lado seu papel extremamente relevante de informantes e educadores da cidadania.
Paralelamente a isso estão ocorrendo no Brasil muitos eventos positivos, que contribuem para a ampliação dos conhecimentos, o bem estar das pessoas e o aperfeiçoamento da convivência. E isso deveria ser posto em evidência, como reconhecimento da contribuição e para estímulo de novas iniciativas. Mas a ênfase excessiva, quase mesmo exclusiva, em acontecimentos negativos e na promoção pública de personagens que deveriam ser simplesmente denunciados ou desprezados não deixa espaço para a divulgação de acontecimentos positivos.
Por tudo isso, pode-se dizer que os grandes meios de divulgação estão desperdiçando seu potencial de exercer boa influência, de contribuir para o aperfeiçoamento das condições de convivência e de estimular a formação e o desempenho de uma cidadania bem informada, conscientizada e responsável. E com isso cria-se um círculo vicioso: a cidadania mal preparada será envolvida ou enganada pelos corruptos e corruptores e no momento de manifestar sua vontade escolhendo um representante para algum cargo público estará desorientada e será facilmente levada a dar seu apoio a personagens que sabe que são corruptos.
Na realidade, um ponto importante do atual noticiário político é a verificação de que grande número dos que são promotores ou beneficiários da corrupção e da degradação dos órgãos públicos são corruptos notórios, publicamente conhecidos e reconhecidos por práticas imorais e anti-sociais e, apesar disso, eleitos e reeleitos para cargos de representação.
Por tudo isso, faz-se necessário que haja mais comedimento e maior prudência no volume e na forma de divulgação dos fatos negativos e na promoção de seus personagens. Em sentido oposto, é também necessário que se divulguem com ênfase os acontecimentos positivos, inclusive reuniões e eventos que tenham valor cultural e contribuam para o aperfeiçoamento da cultura e da consciência da cidadania. Assim agindo, os meios de divulgação estarão correspondendo às expectativas dos que acreditam que o desenvolvimento e a ampla utilização dos potenciais de comunicação são fatores positivos para a construção de uma sociedade livre, democrática e justa.
DALMO DE ABREU DALLARI
Jurista

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