O mercado só não para por um motivo – no país faltam cinco milhões de moradias. E isso segura a onda
Após a onda de otimismo entre 2009 e 2011, o mercado imobiliário não está tão atraente – em 2015 faltaram promoções, os preços caíram, as vendas diminuíram, imóveis foram devolvidos, mas bolha imobiliária não estourou. As vendas, embora menores, são justificadas pela falta de moradias, atualmente calculada em cinco milhões.
Com crise, há menos crédito, a inflação é maior e o medo do desemprego maior ainda. Esse quadro esvaziou a confiança do consumidor e aumentou a pressão sobre o setor, que começou a perder sua forma no final de 2012, segundo o diretor da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) Luiz Fernando Moura.
Segundo a associação, em 2015 houve 19% menos promoções e as vendas caíram 15%, comparadas a 2014. Os preços dos imóveis alcançaram níveis impensáveis alguns anos atrás, principalmente no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília, mas os valores iniciaram uma rota descendente, percebida especialmente em 2015.
O preço médio de imóveis novos caiu 9% em termos reais (descontada a inflação) em vinte cidades brasileiras no ano passado, mas a contração ainda pode ser maior (entre 15% e 20%), já que o valor anunciado dos imóveis é superior ao montante pelo qual são de fato vendidos, segundo explica a vice-presidente e analista do Moody’s, Cristiane Spercel.
“Essas quedas dos preços se devem, principalmente, a uma forte contração da confiança do consumidor, que se baseia na incerteza econômica no Brasil, incluindo o emprego deficiente e as taxas de inflação elevadas”, afirma.
Para o o Secovi-SP, a recuperação do setor depende da recuperação da economia. “A demanda existe, mas está reprimida pela incerteza com relação ao cenário econômico”, diz o presidente do Secovi-SP, Flavio Amary. “A compra é postergada até que a crise se solucione”.